Era uma vez um político, também educador popular, chamado James Aggrey. Ele era natural
de Gana, pequeno país da África Ocidental. Até agora, talvez, um
ilustre desconhecido. Mas, certa feita, contou uma história tão bonita
que, com certeza, já circulou pelo mundo, tornando seu autor e sua
narração inesquecíveis.
A população ganense sempre alimentou forte
consciência de sua história e muito orgulho da nobreza de suas tradições
religiosas e culturais. Em conseqüência, foi constante sua oposição a
todo tipo de colonização. James Aggrey, considerado um dos precursores
do nacionalismo africano e do moderno pan-africanismo, fortaleceu
significativamente esse sentimento.
Ele teve grande relevância política como educador
de seu povo. Para libertar o país – pensava ele à semelhança de Paulo
Freire – precisamos, antes de tudo, libertar a consciência do povo. Ela
vem sendo escravizada por idéias e valores antipopulares, introjetados
pelos colonizadores.
Com efeito, os colonizadores, para ocultar a
violência de sua conquista, impiedosamente desmoralizavam os
colonizados. Afirmavam, por exemplo, que os habitantes da Costa do Ouro e
toda a áfrica eram seres inferiores, incultos e bárbaros. Por isso
mesmo deviam ser colonizados. De outra forma, jamais seriam civilizados e
inseridos na dimensão do espírito universal.
Os ingleses reproduziam tais difamações em livros.
Difundiam-nas nas escolas. Pregavam-nas do alto dos púlpitos das
igrejas. E propalavam-nas em todos os atos oficiais.
O martelamento era tanto que muitos colonizados
acabaram hospedando dentro de si os colonizadores com seus preconceitos.
Acreditavam que de fato nada valiam. Que eram realmente bárbaros, suas
línguas, rudes, suas tradições, ridículas, suas divindades, falsas, sua
história sem heróis autênticos, todos efetivamente ignorantes e
bárbaros.
Pelo fato de serem diferentes dos brancos, dos
cristãos e dos europeus, foram tratados com desigualdade, discriminados.
A diferença de raça, de religião e de cultura não foi vista pelos
colonizadores como riqueza humana. Grande equívoco: a diferença foi
considerada como inferioridade!
- Oprimidos, convencei-vos desta verdade: a
libertação começa na vossa consciência e no resgate de vossa própria
dignidade, feita mediante uma prática conseqüente. Confiai. Jamais
estareis sós. Haverá sempre espíritos generosos de todas as raças, de
todas as classes e de todas as religiões que farão corpo convosco na
vossa nobre causa da liberdade. Haverá sempre aqueles que pensarão: cada
sofrimento humano, em qualquer parte do mundo, cada lágrima chorada em
qualquer rosto, cada ferida aberta em qualquer corpo é como se fosse uma
ferida no meu próprio corpo, uma lágrima dos meus próprios olhos e um
sofrimento do meu próprio coração. E abraçarão a causa dos oprimidos de
todo o mundo. Serão vossos aliados leias.
James Aggrey incentivava em seus compatriotas
ganenses tais sentimentos de solidariedade essencial. Infelizmente não
pôde ver a libertação de seu povo. Morreu antes, em 1927. Mas semeou
sonhos.
A libertação veio com Kwame N´Krumah, uma geração
após. Esse aprendeu a lição libertária de Aggrey. Apesar da vigilância
inglesa, conseguiu organizar em 1949 um partido de libertação, chamado
de Partido de Convenção do Povo.
N´Krumah e seu partido pressionaram de tal maneira a
administração colonial inglesa, que o Governo de Londres se viu
obrigado, em 1952, a fazê-lo primeiro-ministro. Em seu discurso de posse
surpreendeu a todos ao proclamar: “Sou socialista, sou marxista e sou
cristão”.
Obteve a sua maior vitória no dia 6 de março de
1957 quando presidiu a proclamação da independência da Costa do Ouro.
Agora o país voltou ao antigo nome: Gana. Foi a primeira colônia
africana a conquistar a sua independência.
Gana tem hoje 238.537 quilômetros quadrados, com
densa selva tropical ao sul, atravessada pelo grandioso rio Volta de
1.600 quilômetros de comprimento. A represa Akoddombo, feita com o rio,
forma um imenso lago de 8.482 quilômetros quadrados, numa extensão de
quatrocentos quilômetros. A capital é Accra, com cerca de 700 mil
habitantes numa população total de 16, a milhões de pessoas. Estima-se
que 20 ano 2000 Gana terá 20 milhões de habitantes.
Se aplicarem os ideais de James Aggrey,
consolidarão sua identidade e autonomia. E avançarão pouco a pouco no
sentido de uma cidadania participativa e solidária.
James Aggrey, como fino educador, acompanhava atentamente cada
intervenção. Num dado momento, porém, viu que líderes importantes
apoiavam a causa inglesa. Faziam letra morta de toda a história passada e
renunciavam aos sonhos de libertação. Ergueu então a mão e pediu a
palavra. Com grande calma, própria de um sábio, e com certa solenidade,
contou a seguinte história:
“Era uma vez um camponês que foi à floresta vizinha
apanhar um pássaro para mantê-lo cativo em sua casa. Conseguiu pegar um
filhote de águia. Colocou-o no galinheiro junto com as galinhas. Comia
milho e ração própria para galinhas. Embora a águia fosse o rei/rainha
de todos os pássaros.
Depois de cinco anos, esse homem recebeu em sua
casa a visita de um naturalista. Enquanto passeavam pelo jardim, disse o
naturalista:
- De fato – disse o camponês. É águia. Mas eu a
criei como galinha. Ela não é mais uma águia. Transformou-se em galinha
como as outras, apesar das asas de quase três metros de extensão.
- Não! – retrucou o naturalista. Ela é e será sempre
uma águia. Pois tem um coração de águia. Este coração a fará um dia
voar às alturas.
- Não, não! – insistiu o camponês. Ela virou galinha e jamais voará como águia.
Então decidiram fazer uma prova. O naturalista tomou a águia, ergueu-a bem alto e desafiando-a disse:
– Já que de fato você é uma águia, já que você pertence ao céu e não à terra, então abra suas asas e voe!
A águia pousou sobre o braço estendido do
naturalista. Olhava distraidamente ao redor. Viu as galinhas lá embaixo,
ciscando grãos. E pulou para junto delas.
O camponês comentou:
– Eu lhe disse, ela virou uma simples galinha!
– Não – tornou a insistir o naturalista. Ela é uma águia. E uma águia será sempre uma águia. Vamos experimentar novamente amanhã.
No dia seguinte, o naturalista subiu com a águia no teto da casa. Sussurou-lhe:
O camponês comentou:
– Eu lhe disse, ela virou uma simples galinha!
– Não – tornou a insistir o naturalista. Ela é uma águia. E uma águia será sempre uma águia. Vamos experimentar novamente amanhã.
No dia seguinte, o naturalista subiu com a águia no teto da casa. Sussurou-lhe:
– Águia, já que você é uma águia, abra suas asas e voe!
Mas quando a águia viu lá embaixo as galinhas, ciscando o chão, pulou e foi para junto delas.
O camponês sorriu e voltou à carga:
– Eu lhe havia dito, ela virou galinha!
– Não – respondeu firmemente o naturalista. Ela é águia, possuirá sempre um coração de águia. Vamos experimentar ainda uma última vez. Amanhã a farei voar.
No dia seguinte, o naturalista e o camponês levantaram bem cedo. Pegaram a águia, levaram-na para fora da cidade, longe das casas dos homens, no alto de uma montanha. O sol nascente dourava os picos das montanhas.
O naturalista ergueu a águia para o alto e ordenou-lhe:
– Águia, já que você é uma águia, já que você pertence ao céu e não à terra, abra as suas asas e voe!
A águia olhou ao redor. Tremia como se experimentasse nova vida. Mas não voou. Então o naturalista segurou-a firmemente, bem na direção do sol, para que seus olhos pudessem encher-se da claridade solar e da vastidão do horizonte.
Mas quando a águia viu lá embaixo as galinhas, ciscando o chão, pulou e foi para junto delas.
O camponês sorriu e voltou à carga:
– Eu lhe havia dito, ela virou galinha!
– Não – respondeu firmemente o naturalista. Ela é águia, possuirá sempre um coração de águia. Vamos experimentar ainda uma última vez. Amanhã a farei voar.
No dia seguinte, o naturalista e o camponês levantaram bem cedo. Pegaram a águia, levaram-na para fora da cidade, longe das casas dos homens, no alto de uma montanha. O sol nascente dourava os picos das montanhas.
O naturalista ergueu a águia para o alto e ordenou-lhe:
– Águia, já que você é uma águia, já que você pertence ao céu e não à terra, abra as suas asas e voe!
A águia olhou ao redor. Tremia como se experimentasse nova vida. Mas não voou. Então o naturalista segurou-a firmemente, bem na direção do sol, para que seus olhos pudessem encher-se da claridade solar e da vastidão do horizonte.
Nesse momento, ela abriu suas potentes asas,
grasnou com o típico kau-kau das águias e ergueu-se soberana, sobre si
mesma. E começou a voar, a voar para o alto, a voar cada vez para mais
alto. Voou… voou… até confundir-se com o azul do firmamento…”
E Aggrey terminou conclamando:
- Irmãos e irmãs, meus compatriotas! Nós fomos
criados à imagem e semelhança de Deus! Mas houve pessoas que nos fizeram
pensar como galinhas. E muitos de nós ainda acham que somos
efetivamente galinhas. Mas nós somos águias. Jamais nos contentemos com
os grãos que nos jogarem aos pés para ciscar.
Fonte:http://alfabetizacaosolidaria.wordpress.com/a-aguia-e-galinha/
pOW MINHA MAE MIM CONTOU OTHO DIA ESSA HISTÓRIA.... MUITO BOA ELA
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